LISBOA — O escritor português José Saramago, Prêmio Nobel de Literatura 1998 que faleceu nesta sexta-feira aos 87 anos de idade, é autor de densos romances que ficam no limite do fantástico e que convidam o leitor a rebelar-se contra o status quo mundial.
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Ele nasceu em novembro de 1922 na aldeia de Azinhaga (centro de Portugal). Filho de agricultores sem terra que imigraram para Lisboa, abandonou a escola aos 12 anos para receber formação de serralheiro, um ofício que exerceria durante dois anos.
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Depois de um primeiro romance em 1947, "Terra de pecado", esperou 19 anos para publicar seu segundo livro, "Os poemas possíveis".
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Enquanto isso, trabalhou na área administrativa ou em editoras e colaborou com vários jornais.
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Em 1969 aderiu ao Partido Comunista, nessa época clandestino, e participou em Revolução dos Cravos de 25 de abril de 1974 que pôs fim à ditadura de Salazar.
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Seu segundo romance, "Manual de pintura e caligrafia", foi publicado em 1977. Em 1982, quando tinha 60 anos, alcançou a celebridade com "Memorial do convento", um romance romântico ambientado no século XVIII.
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Em 1992 causa escândalo em Portugal com "O Evangélio segundo Jesus Cristo", onde descrevia Jesus perdendo sua virgindade com Maria Madalena e sendo usado por Deus para estender seu domínio no mundo. A partir desse momento, Saramago deixa seu país e se instala no arquipélago espanhol das Canárias.
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Em agosto de 2008, apenas recuperado de uma grave pneumonia, publicou "A viagem do elefante", seguido, um ano depois, por "Caim", que descreve de forma irônica o relato bíblico do assassinato de Abel por seu irmão Caim.
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Durante a apresentação desse livro, Saramago, que descrevia a si mesmo como um " comunista libertário", causou novamente uma polêmica ao classificar a Bíblia de "manual de maus costumes".
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Atualmente estava preparando um livro sobre a indústria do armamento.
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"Não será sobre o Corão, mas será sobre algo tão importante quanto todos os corões do mundo: por que não há greves na indústria do armamento". "Uma greve na qual os operários digam: 'Não construímos mais armas'", afirmou, em entrevista em novembro.
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"Todo mundo tem armas, vivemos numa sociedade de violência, que é aceita e a televisão está nos dizendo todos os dias que a vida humana não tem nenhuma importância", acrescentou.
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Em 60 anos, José Saramago publicou cerca de 30 obras: romances, poesias, ensaios e obras teatrais.
Saramago, Sempre PRESENTE!
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