segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Coletivo Quincas Borba! e ANEL derrotam frente única da direita na Universidade Presbisteriana Mackenzie.


O Mackenzie é uma universidade historicamente conhecida pela organização da juventude de direita ( PSDB e DEM ) e por professores como Claudio Lembro, ex-governador de São Paulo pelo DEM. Pela atuação do Comando de Caça aos Comunistas (CCC) na década de 70. Como grande parte das universidades pagas o controle ao movimento estudantil é rigoroso. Chega-se ao ponto, fato recente, de membros da direção do Mackenzie em reunião com membros do Coletivo Quincas Borba! intimidarem e pedirem nomes de estudantes que escreveram textos críticos à universidade sobre o movimento de mensalidades.
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Neste último dia 21 de outubro encerrou um ciclo de lutas de aproximadamente 6 meses em relação às eleições do Diretório Acadêmico Mackenzie. Diretório que representa cerca de 3 mil alunos da universidade (Psicologia, Nutrição, Pedagogia, Letras, Filosofia e Teologia). A derrota histórica à frente única da Direção Financeira do Mackenzie/DCE/ Chapa Realiza/Grupo Contato/ e ex-gestão do Diretório teve participação decisiva das entidades que compõem a ANEL.
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O movimento estudantil no Mackenzie tem longo histórico de impugnação de chapas, fraude em urnas, com um presidente de DCE que ficou 7 anos no cargo. O Coletivo se organizou e se dispôs a participar do processo eleitoral do DAMAC que teve inicio em março do presente ano. A primeira luta foi para que ocorresse um processo eleitoral: exigimos que a eleição fosse divulgada com edital já que não houve eleição no ano anterior.
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Divulgado edital que amarrava a eleição totalmente na comissão eleitoral indicada pela atual gestão que estava a 4 anos a frente do diretório, a disputa ocorreu entre a continuidade da gestão atual, ( Chapa Contato ) e a oposição de Direita ( Chapa Realiza ) apoiada pelo DCE ( juventude do PSDB ) e o Coletivo Quincas Borba! que resgatou um programa conectado com as lutas, a redução de mensalidades e por mais bolsas e a denuncia da mercantilização da universidade e os efeitos da crise econômica e a crítica ao papel do Governo Lula e Serra no investimento na educação.
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Por uma artimanha estatutária a comissão eleitoral impugnou nossa chapa no processo eleitoral que se realizaria em abril. O argumento utilizado é que não poderia ter uma estudante de primeiro ano (?) de Nutrição na chapa devido a regras estatutárias. O Coletivo sequer teve acesso ao estatuto e no edital de eleição não constava tal informação. Mesmo entrando com recurso à comissão eleitoral nossa chapa foi impugnada.
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Diante de tal fato nosso Coletivo atuou em duas frentes, na mobilização dos estudantes diante de tamanha falta de democracia no Diretório e na utilização dos elementos legais do estatuto para garantir a luta direta. Organizamos um abaixo assinado que contou com a assinatura de 1/3, cerca de mil estudantes do diretório para convocar uma assembléia para decidir sobre o processo eleitoral do DAMAC. O processo viciado, e cheio de irregularidades demonstrava para os estudantes que estava na hora de ter um diretório que respondesse a luta política na universidade que está se nacionalizando, abrindo filiais no Brasil inteiro em detrimento da qualidade do ensino e do aumento exorbitante de mensalidades.
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A Assembléia anulou o processo eleitoral do DAMAC que havia sido realizado com a vitória da Oposição de Direita ( Chapa Realiza ), destituiu a então gestão e nomeou uma junta provisória do DAMAC para organizar um processo de fato com a ampla participação dos estudantes. Para nossa surpresa quando a Junta foi tomar posse do DAMAC o Diretório Central dos Estudantes ( DCE-Mackenzie dirigido pela Juventude do PSDB e outros direitistas ) interveio no Diretório o fechando por uma semana para garantir a posse e registro em cartório da chapa Realiza.
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As entidades que constroem a ANEL tiveram papel decisivo nos atos públicos que fizemos na universidade, na moção de repúdio que contou com a participação de cerca de trinta entidades do Brasil entre elas DCE-USP, DCE-UFMG, DCE-UFRJ, DCE-UFMG, DCE-UFAL que inclusive garantiram a nossa segurança com este apoio mostrando que não estávamos sozinhos, e que qualquer coisa que acontecesse seria denunciado nacionalmente.
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Após registro em cartório da assembléia ( é no Mackenzie uma assembléia pra ter validade precisa ser registrado ) e a anulação de posse da Realiza, entregamos os documentos à direção financeira da universidade que legalmente atuou em favor do DCE/Realiza não reconhecendo nem a Junta Administrativa Provisória, nem a Realiza como gestão. Ou seja, ignorando a decisão da assembléia e jogando para o processo eleitoral que ocorreu no dia 21/10 na qual havia possibilidade da Realiza se reagrupar com o apoio do DCE e vencer.
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A ANEL cumpriu um papel decisivo neste processo eleitoral articulando uma campanha financeira entre as entidades dos estudantes para garantir que o Coletivo tivesse condições de expor sua concepção de universidade e idéias para o movimento estudantil.
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Os estudantes tiraram uma lição deste processo, a luta isolada ainda mais em universidade que não tem tradição de movimento estudantil, que lutam diariamente contra a burocracia acadêmica, ou universidades como o Mackenzie com longo histórico de organização da direita a necessidade é mais do que nunca a unidade, e um programa que responda a esta unidade. Esta vitória é de cada camarada que constrói esta nova entidade, ANEL. Mais do que uma vitória, é uma experiência importante e decisiva para o movimento estudantil do Mackenzie.
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O processo eleitoral ocorreu agora no último dia 21/10 e mais uma vez tivemos uma tentativa de golpe. Mas como sempre acreditamos na capacidade de mobilização dos estudantes, não havia como ter outro resultado. Fica aqui um agradecimento especial aos companheiros do DCE-USP, CACS-PUC/SP e CAVH da Casper Libero. Foram decisivos para organização da luta no Mackenzie e nacionalmente.
Reproduzo texto nosso de balanço sucinto da eleição do Diretório:
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COLETIVO QUINCAS BORBA! VENCE ELEIÇÃO DO DAMAC
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No último dia 21 de outubro realizou-se o maior e mais importante processo eleitoral do DAMAC, com a legitimidade da grande participação democrática dos estudantes, resultado da deliberação da Assembléia dos estudantes ocorrida no 1º semestre de 2009, que contou com o apoio de mil estudantes associados ao DAMAC por meio de um abaixo-assinado. A Assembléia anulou e destituiu o processo eleitoral e gestão anteriores, além de nomear uma Junta Administrativa Provisória (JAP), que deu nova direção democrática e representativa ao nosso Diretório, culminando com a vitória eleitoral do Coletivo Quincas Borba!, apesar das armações e das intervenções desastrosas e condenáveis do DCE.
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A JAP eleita cumpriu rigorosamente as deliberações da Assembléia e organizou um processo eleitoral qualitativamente superior aos ocorridos anteriormente no DAMAC. Nesta eleição, a JAP promoveu dois debates no prédio 12, com plena liberdade de discussão, com a possibilidade de ampla participação dos estudantes em dois períodos, em que puderam avaliar o conteúdo político das propostas do Coletivo Quincas Borba! e o vazio das propostas burocratizantes da chapa Realiza, sem nenhum conteúdo programático do Movimento Estudantil, como o movimento de redução das mensalidades, aumento da concessão de bolsas de estudos, qualidade de ensino na Universidade, entre outros.
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Cinco urnas foram colocadas em todos os prédios onde tinham cursos do DAMAC, facilitando a participação dos estudantes na votação. As chapas contaram com 30 dias de campanha e a divulgação de material de campanha foi livre, respeitando integralmente o direito dos estudantes de conhecerem as propostas e compromissos de luta das chapas. Dessa forma, o quórum eleitoral foi três vezes maior do que a eleição anterior, beirando os 700 votantes.
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REPÚDIO AO GOLPE BAIXO
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Era notório o apoio massivo dado pelos estudantes da Pedagogia, Filosofia e Psicologia ao Coletivo Quincas Borba! desde a convocação da Assembléia, consolidando- se durante o processo eleitoral.
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Esses estudantes votaram na urna do prédio 12, e foi justamente onde houve uma tentativa de golpe, praticada por pessoas que não conseguem conviver com a vontade soberana e livre dos estudantes. Essas pessoas “sumiram” com uma das listas de votantes e ainda falsificaram a assinatura de um mesário em um grande número cédulas, cujos “votos” beneficiavam a chapa Realiza, causando a anulação da urna. Imaginando que assim dariam a “vitória” à chapa Realiza, os falsários erraram feio no cálculo. Trata-se de falsários da pior espécie, que merecem o repúdio indignado dos estudantes do DAMAC e de todos os estudantes brasileiros.
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Na contagem dos votos totais, o Coletivo ainda assim ganhou a urna do prédio 12 com uma diferença de 83 votos. Mesmo com esta urna impugnada, o Coletivo Quincas Borba! venceu a eleição sem enganar os estudantes, que tiveram plena capacidade de decidir os rumos do diretório.
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Sempre deixamos claro que nossa diferença com qualquer grupo de estudantes não é pessoal, mas política, de concepção. E foi esta concepção que fez com que derrotássemos a frente única que se articulou em torno da chapa Realiza (DCE/Contato/ Ex-gestão do DAMAC). O que une estas pessoas é a concepção de movimento estudantil pragmático e burocrático de diretórios que prestam serviço à Universidade, ao invés de representarem os estudantes política e academicamente.
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Este processo político seria impossível sem a plena capacidade de indignação e a confiança no poder de organização, reflexão e luta. Nossa vitória é a vitória dos estudantes, em que o Coletivo foi apenas coadjuvante. Agradecemos cada estudante que participou deste processo eleitoral. O DAMAC nunca mais será o mesmo! A luta apenas se inicia.
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Marcelo Tomassini - Militante do PSTU e membro do Coletivo Quincas Borba!

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