
12/08/2009 - 12h00 Do UOL Notícias Em São Paulo
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O golpe que tirou Manuel Zelaya do poder em Honduras no final de junho é semelhante ao golpe militar de 1964 contra João Goulart no Brasil: ambos são resultado de um conflito social interno que culmina em uma ação militar de caráter ilegal, mas apoiada pelo congresso.
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A análise é de Pedro Paulo Funari, professor da Universidade de Campinas e Coordenador do Núcleo de Estudos Estratégicos da mesma instituição, que comentou em entrevista ao UOL Notícias a visita de Manuel Zelaya ao Brasil.
"Também Goulart, como Zelaya, cortejou os setores populares, enfrentou dificuldades econômicas, ficou impopular e foi deposto pelos militares, apoiados pelo congresso", explica o pesquisador.
A análise é de Pedro Paulo Funari, professor da Universidade de Campinas e Coordenador do Núcleo de Estudos Estratégicos da mesma instituição, que comentou em entrevista ao UOL Notícias a visita de Manuel Zelaya ao Brasil.
"Também Goulart, como Zelaya, cortejou os setores populares, enfrentou dificuldades econômicas, ficou impopular e foi deposto pelos militares, apoiados pelo congresso", explica o pesquisador.
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A principal diferença, segundo ele, é que o golpe brasileiro ocorreu em um contexto de Guerra Fria, desencadeando ações de maior violência contra os cidadãos.
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1964: tanques do exército brasileiro passam pelas ruas de São Paulo (SP), no dia 14 de abril
1964: tanques do exército brasileiro passam pelas ruas de São Paulo (SP), no dia 14 de abril
2009: veículos militares tomaram as ruas que dão acesso à residência presidencial em Honduras
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"Nos dois casos, trata-se de um governante com origem na aristocracia rural que, uma vez no poder, são encurralados por uma forte demanda social e resolvem aplicar arriscadas políticas se redistribuição", detalha Funari.
A consequência desse processo é uma classe baixa ansiosa por resultados e uma classe média com receios. Dessa forma, quando elementos militares concretizam o golpe, a ação tinha apoio de significativos setores da sociedade, acrescenta o historiador. Nos dois casos o presidente deixou o país: Jango para o Uruguai; Zelaya para a Costa Rica.
"Uma semelhança importante é que a ação ilegal dos militares - tirar um presidente do cargo à força é ilegal aqui e em Honduras - acabou referendada por um órgão legítimo, o Congresso", destaca Funari, a respeito da argumentação dos golpistas nas duas situações de que se tratava apenas de defesa da legalidade.
A consequência desse processo é uma classe baixa ansiosa por resultados e uma classe média com receios. Dessa forma, quando elementos militares concretizam o golpe, a ação tinha apoio de significativos setores da sociedade, acrescenta o historiador. Nos dois casos o presidente deixou o país: Jango para o Uruguai; Zelaya para a Costa Rica.
"Uma semelhança importante é que a ação ilegal dos militares - tirar um presidente do cargo à força é ilegal aqui e em Honduras - acabou referendada por um órgão legítimo, o Congresso", destaca Funari, a respeito da argumentação dos golpistas nas duas situações de que se tratava apenas de defesa da legalidade.
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1964: Soldados esperam durante as operações que dariam no golpe militar de 1964
1964: Soldados esperam durante as operações que dariam no golpe militar de 1964
2009: Soldados bloqueiam ruas próximas à residência do presidente Zelaya em Tegucigalpa.
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A principal diferença entre os dois golpes, segundo o cientista político, está no contexto mundial em que eles acontecem. "No Brasil, a ação repressiva inicial foi mais violenta, com a cassação de diversos opositores e o rápido endurecimento do regime. Isto foi assim porque vivíamos a Guerra Fria (1947-1989) e os Estados Unidos apoiavam regimes de força aliados. Hoje, o contexto é muito diferente e, oficialmente, os Estados Unidos condenaram o golpe."
"No Brasil, havia certeza de apoio dos EUA: reconhecimento do governo, apoio político, apoio financeiro etc. Honduras, ao contrário, não tem esse apoio, o que é uma diferença fundamental", acrescenta.
A principal diferença entre os dois golpes, segundo o cientista político, está no contexto mundial em que eles acontecem. "No Brasil, a ação repressiva inicial foi mais violenta, com a cassação de diversos opositores e o rápido endurecimento do regime. Isto foi assim porque vivíamos a Guerra Fria (1947-1989) e os Estados Unidos apoiavam regimes de força aliados. Hoje, o contexto é muito diferente e, oficialmente, os Estados Unidos condenaram o golpe."
"No Brasil, havia certeza de apoio dos EUA: reconhecimento do governo, apoio político, apoio financeiro etc. Honduras, ao contrário, não tem esse apoio, o que é uma diferença fundamental", acrescenta.
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Essa comparação não é apenas hipotética, mas tem efeitos reais, justifica Funari. "Isso é fundamental para entender a reação do governo brasileiro diante do golpe hondurenho. A crítica feita desde o primeiro momento vem de um governo formado por políticos como Lula, que sempre condenaram o golpe no Brasil, isso está na memória deste governo", conclui.
Essa comparação não é apenas hipotética, mas tem efeitos reais, justifica Funari. "Isso é fundamental para entender a reação do governo brasileiro diante do golpe hondurenho. A crítica feita desde o primeiro momento vem de um governo formado por políticos como Lula, que sempre condenaram o golpe no Brasil, isso está na memória deste governo", conclui.
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